quarta-feira, janeiro 31, 2007


Não é de hoje que tenho problemas de memória, sempre tive este tipo de coisa, mas era leve, nada grave, pelo que me lembro ao menos...

Não lembro datas especificas, aniversários por exemplo, incluindo o meu. Lembranças rápidas sempre foram as piores, aquela coisa de estar vendo tv, e do nada pensar:

Porra, cadê o maldito controle?

E assim começa(va) a maratona em busca do controle perdido, fuçando embaixo das almofadas, da cama, entre o cobertor, rack, guarda roupa, atrás do sofá, na cama de baixo, pra no fim chegar ao cumulo de encontrar o bendito na minha mão....

Claro, ainda há o incrível caso do desaparecimento do controle da tv por uma semana, sim uma semana, verdadeiro caos, este caso somente foi resolvido com a colaboração da minha mãe, que ao abrir o freezer pra sei lá o que pegar/guardar, encontrou a vitima.

Esqueço horários de aula, ou mesmo que há aula as vezes. Desço do ônibus em pontos adiante de onde deveria descer porque esqueço aonde vou/ia. Pacotes de biscoito abertos em dezenas de lugares, o que gera uma reação em cadeia, afinal acabo abrindo outro quando não lembro que um já estava aberto. Chaves é até covardia citar, carteira idem, bilhete único então, putz, acabam com a minha paciência e de quem estiver por perto.

Em relação a carteira, certa vez a perdi por três meses dentro do meu próprio quarto, pelo menos tinha a certeza de que estava no quarto. Limpei essa jossa dezenas de vezes, tirei tudo do lugar, e nada. Pequena nota, meu quarto não é uma zona, nem chiqueiro, quem conhece pode confirmar. Voltando, só a encontrei quando fui pegar uma calça que não usava a meses, e ela nem mesmo na calça estava, estava em baixo.

Ultimamente tenho esquecido nomes de seres de banda, seres do cinema, literatura, etc, coisas essas que não costumava esquecer (o que não são /eram poucos), e isso me preocupa, vou acabar chegando ao ponto de falar algo do tipo:

Pô, lembra?
Aquela banda do disco com o menino nadando pelado na capa,
Lembra o nome do vocalista?

Semanas atrás fui ao medico, check up usual. No dia seguinte pela manhã, minha mãe perguntou se eu havia falado com ele sobre esse problema de esquecer as coisas, a minha resposta foi instantânea:

Não, esqueci..


segunda-feira, janeiro 29, 2007


Não bastasse voltarem de maneira diferente de como saíram, lançarem Dvd e cd "Ao Vivo" gravado em Londres, uma vocalista que como solo há quem goste e respeite, eles ainda quiseram tocar no pobre pais de origem , nada mais bonito sabe, ainda mais se for no aniversario da cidade mais, mais...mais alguma coisa, afinal ando sem criatividade, ou inventividade, como queira.

Com a maneira diferente quero dizer sem aquela onda progressiva que era tão, mas tão promissora, que foi o motivo da discreta expulsão da vocalista original, caso não saiba, Rita Lee. Sim, ela foi expulsa.

Agora quem ocupa o posto de Lead Singer é a querida Zélia Duncan, que como ser solo há quem goste, louve e até mesmo respeite (precisava reafirmar este fato)...
Se fosse pra escolher, preferiria a Fernanda Takai, mas como a maternidade é mais importante do que uma banda afogada, perdoada.

Voltar pela grana e só, não seria nada fora do comum, mas sendo a grana pra retirar alguém da merda, alguém este chamado Arnaldo (não só), que por diversas coisas (o que aqui precisaria de um longo tempo para serem descritas, sendo assim, pesquise por ai) esta fora de órbita por tempos e tempos, o expondo como figurinha rara de um álbum fora de catalago, é deprimente e covarde.

Preferiria jamais ver Os Mutantes ao vivo nestas condições, foi o show mais triste que já vi e que provavelmente verei, pior apenas seria se o Pink Floyd tivesse voltado com o Syd Barret, o que não deixaria de ter semelhanças.

Cada um , cada um, e não tiro a genialidade de ninguém, e como disse o própio Sergio Dias, "Tudo é possível", se é mesmo, quero ver o Secos e Molhados em formação clássica, ou seja, Gerson, Ney e João Ricardo, entrando de mãos dadas em um palco por ai.


Let it Bed


sexta-feira, janeiro 26, 2007

quinta-feira, janeiro 25, 2007

quarta-feira, janeiro 24, 2007

terça-feira, janeiro 23, 2007

segunda-feira, janeiro 22, 2007

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Chovia. Ela andava à esmo, chorando. Nem mais sabia o por quê chorava, havia apenas a certeza da dor que a mantinha infeliz. Sentou-se numa praça, as lágrimas escorriam, seus soluços ecoavam pela noite escura. A rua deserta era seu esconderijo.
Na solidão íntima dos pessimistas ela pensou que o mundo era inútil e cruel, se viu sem valor algum quando percebeu que não podia confiar nem naqueles que amava. Perguntou-se se seria eternamente assim, caindo sempre sem perdão.
Ela chorou pelos erros passados, pelos erros futuros, pelos enganos e desavenças, pelo orgulho, pelo egoísmo. Sonhou em ser diferente, planejou ser feliz e deu risada de sua suposta ingenuidade . No fundo sabia que a felicidade não existe, que é uma mentira contada tantas vezes que se tornou verdade, mas nunca deixaria de ser uma mentira para quem soubesse reconhecê-la, e ela soube.
Chorou pelo enorme buraco que se formou em seu peito, pela sensação de desleixo, puro desprezo, pelo vazio que não é vazio por não ter a possibilidade de ser cheio. E achou isso engraçado, quer dizer, só pode se esvaziar algo que um dia se encheu e isso não acontecera com ela, mas era vazio pela falta de um dia se sentir completa e seu vazio pesava e isso não fazia sentido, já que o nada também é a ausência de peso.
Na confusão reinante, riu e chorou no mesmo instante. A dor foi aumentando, ela perdeu o ar, vomitou o que não havia no estômago. Imaginou se não estaria vomitando a alma ou a doença da alma ou a falta da alma.
Ela levantou a cabeça e olhou em volta. A praça ficava num lugar alto, em cima de uma avenida. Era conhecida por alguns como "a pracinha do estuprador". Ela não ligou para esse fato, para se ele aparecesse. Ela viu os carros passando lá em baixo, seus olhos embaçados viam apenas um borrão.
Ela pediu para que o mundo a sugasse para o centro da terra, que a tragasse. Percebeu que isso não mudaria a vida de ninguém. Caso sumisse, não faria diferença, não era tão importante assim para que sentissem sua falta. E isso a deixou ainda mais triste, viu que até nisso havia falhado.
Levantou-se, andou novamente sem rumo, a chuva caia ainda mais forte, sentia um frio que não seria aplacado com um simples banho quente e cobertas. Entrou num bar, pediu qualquer coisa forte, tomou de um gole, a bebida desceu quente e violenta, pagou, saiu, andou. Pensou se conseguiria andar até o fim do mundo, até uma outra dimensão, até a próxima galáxia. Alguém um dia disse que talvez o mundo fosse a prisão de alguma outra existência, outra humanidade, outra inteligência. Ela concordou e tentou se lembrar quem disse isso, não conseguiu. Pensou na luas de Titã e sorriu. Se a vissem sorrir diriam que era um sorriso doce, de quem está resignado com o próprio destino.
E ela andou e chorou enquanto chovia e caiu em poças d’água e gritou com toda a voz com que era capaz e amaldiçoou quem a fazia sofrer, o que a fazia sofrer e lembrou-se que era ela quem a fazia sofrer e, então, se amaldiçoou ainda mais.
E num tempo ela enlouqueceu e se revelou, ela se perdeu quando se encontrou, viu o mundo sem máscaras, numa frieza que beirava a sensibilidade, ela viu seus pedaços pelo chão e decidiu deixá-los por lá, atrapalhando o caminho de quem andasse de manhã por aquela rua e sentiu o quanto era insignificante a sua dor.
Ela se levantou, se acalmou, olhou o relógio. Era muito tarde, tinha que ir embora. Não se acalmou de verdade, mas o que era a verdade para ela? Isso, essa mentira disfarçada, talvez fosse a verdade dela. Resolveu limpar o rosto e seguir no caminho para casa, era o que tinha que fazer, porque, mais tarde, quem sabe, ela teria tempo para sofrer.

quinta-feira, janeiro 18, 2007


- Isso me instiga...

- O que?

- Esta imagem sempre associada às pessoas novas, como diriam, “seres frescos perdidos na incerteza”, não concluídos, ainda com a chance de optar por desvios ou mesmo retornos...

- Nunca pensara? Estar ali, como você mesmo disse de maneira não concluída, tomado pela incerteza. Não obrigado. Acrescente um pouco, apenas um pouco de ansiedade nada característico, a proximidade cada vez mais corrosiva do que sempre temeu, por sempre presenciar...

- Isso não justifica

- Claro, ainda falta a esdrúxula fixação pela diferença, pela marca e toda aquela coisa da ruptura, algo com o que você mesmo se atormenta

- Não deixa de ser um ato egoísta, não me soa heróico como pensam. Estúpido, egoísta, isso pra não falar covarde

- No seu caso seria altruísta meu caro. Além disso, qual é a maior covardia, esperar sem ação ou preferir a mais próxima tangente?


quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mais uma da série "Imagens da minha vida":
Sentada no banheiro da Cinemateca,
... e arrasada!
Depois, um "tá", eu andando, ... e em cacos!

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Copacabana (Devaneios de um Cubano Cubista)
Por você aprenderia
Esperanto e traria
Gorbatchev para uma série de palestras
Na casa da minha tia
Onde todos beberíamos chá
Na casa da minha tia
Fofocando sobre a Perestroika
(...)
Leonardo Bursztyn

quinta-feira, janeiro 11, 2007


"Você olha um relógio. Ele funciona, mostra as horas. Você tenta compreender como ele funciona e o desmonta. Ele não funciona mais. E no entanto essa é a única maneira de compreender..."

Andrei Tarkovski..........

terça-feira, janeiro 09, 2007

Na ultima sexta-feira morreu por ataque cardíaco uma das figuras mais emblematicas que já existiu nesse misero planeta, seu nome era Momofuko Ando.

Nascido em Taiwan no ano de 1910, ainda jovem se mudou para o Japão trabalhando como diretor de diversas empresas. Momofuko Ando faz parte intensivamente da vida de milhões de pessoas, incluindo a minha.

Dai você faz a pergunta:

Quem foi esse infeliz com nome estranho?

Eu lhe respondo, Momofuko Ando é simplesmente o inventor de uma das principais fontes de alimentação do mundo sedentário moderno, o Miojo, posteriormente inventou também o Cup Noodle.

A ideia de criar o macarrão instantâneo veio das observações feitas por Momofuko durante a Segunda Guerra, das imensas filas que as pessoas enfrentavam para conseguir comida devido ao racionamento.

Apesar da idade, Momofuko era um ser ainda muito ativo (!), no ano passado, ele apareceu na televisão para promover uma versão do "cup noodle" desenvolvido para alimentar os astronautas do ônibus espacial americano Discovery.


Um legado que jamais será esquecido.

Jamais.


domingo, janeiro 07, 2007

E novamente, parafraseando, você reconhece o pessimismo extremo quando fica mal por estar muito bem e não conseguir evitar de imaginar o trágico....

sexta-feira, janeiro 05, 2007


Minha família é toda matriarcal. Homens não dão certos, nunca duram muito tempo.
A prova irrefutável disso é que tenho um gato. Sexo masculino. Há uns seis meses ele foi castrado, primeiro passo para a perda de sua "masculinidade" (que convenhamos, já não era muito convincente). Agora ele teve um tipo de infecção de urina. Leva correndo para o hospital veterinário, dá remédio e nada, ele continuou passando mal. Volta no dia 1º de janeiro com ele vomitando e com muita dor. Interna-o, coloca sonda, faz exame de sangue, detecta risco de parada cardíaca, chega a quinta-feira e nenhuma melhora. Conselho do veterinário: cortem o pipi dele.
Pois é, ele fez uma penectomia (olha que nome lindo) ontem, está com sonda, com um daqueles colares de proteção que o está deixando muito estressado, ele está numa gaiola, carente e eu não posso ficar mais de quinze minutos com ele.
Minha outra gata, mãe dele foi castrada ontem. Tirou tudo, ovário, útero, tudo. Depois descobrimos que ela estava prenhe.
Eu que sou a responsável por eles, assino as autorizações.
Estou me sentindo culpada, autorizei uma mudança de sexo e um aborto e ainda acho que foi o melhor que pude fazer.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

E enfim, por pura coincidência, estou de volta ao mundo cibernético.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

"Um dia, ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar
Olhou-a de um jeito muito mais quente do que sempre costumava olhar
E não maldisse a vida tanto quanto era seu jeito de sempre falar
E nem deixou-a só num canto, pra seu grande espanto, convidou-a pra rodar
E então ela se fez bonita como há muito tempo não queria ousar
Com seu vestido decotado cheirando a guardado de tanto esperar
Depois os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar
E cheios de ternura e graça, foram para a praça e começaram a se abraçar
E ali dançaram tanta dança que a vizinhança toda despertou
E foi tanta felicidade que toda cidade se iluminou
E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais
Que o mundo compreendeu
E o dia amanheceu
Em paz"

Chico Buarque e Vinícius de Morais

Para mim, “Valsinha” sempre será uma das músicas mais ambíguas e insinuantes que já ouvi.