Era uma vez um ser pouco agraciado em termos de cabelo, intelecto, bom senso e tantas outras características que podem ser tidas como de bom grado, sejam elas físicas ou não físicas. Difícil seria alguma característica, boa ou nem tanto, conseguir se sobrepor àquela protuberância abdominal e sua irrefutável calvice. Sua existência e convívio com terceiros eram um grande mistério para a sociedade, talvez por culpa dos genes, do meio, ou um conjunto de fatores que desafia a lógica humana (se é que essa existe). Tendo em vista que quase nunca corpo e mente possuem a mesma idade, este ser de que falo com pouca ou nenhuma graça, foi intimado a realizar alguns exames médicos após algumas severas suspeitas que poderiam colocar sua existência em cheque. Realizado os exames, o resultado pronto encontra-se nas mãos do então chamado doutor, ou o que o valha. O médico então pergunta para o ser de pouca ou nenhuma graça, qual prefere primeiro: a boa ou a má noticia? O ser de pouca ou nenhuma graça opta pela má como primeira noticia a ser ouvida. Bom, sinto em lhe informar, mas o senhor está com câncer. Noticia recebida porém não digerida como era de ser esperado, porém obviamente não desejada. Ok doutor, me diga então qual seria a boa noticia, se é que ela pode existir. O ser vestido de branco da cabeça aos pés, como um pai de santo academicamente diplomado, um metro e oitenta e sete de altura abre um longo sorriso, ainda vendo a luz. Meu querido, veja pelo lado bom, cabelo algum você perderá. Moral da estória? Não tenho idéia.