quinta-feira, janeiro 31, 2008


O Martírio de Joana D'arc
(La Passion de Jeanne D'arc)
de Carl Theodor Dreyer
1928

terça-feira, janeiro 29, 2008

Quando eu era criança, quando minha mãe me levava na Paulista ficava olhando aqueles prédios, aquelas pessoas indo almoçar apressadas, me sentia pequena, um nada no meio de todo o tumulto. Quando entendi o que era a Paulista, decidi que queria trabalhar em tal localidade. Mais exatamente em uma certa livraria, num certo conjunto. Um dia, pelo e-mail do Cacs (Centro Acadêmico de Ciências Sociais), veio uma proposta, não para esta tal livraria, outro lugar, falando pra quem quisesse que mandasse currículo. Eu mandei, não tinha nada a perder. Fiz entrevista como quem não quer nada, me disseram que avisariam tanto se eu fosse chamada como não. O tempo passou, quase duas semanas, não acreditava mais. Até passei na frente do prédio em que fiz a entrevista e falei que eu poderia estar trabalhando ali, me disseram para eu não me apressar que eu tinha entrado, duvidei. Alguns dias depois me ligaram. E aqui estou eu. Olhando a Paulista do sexto andar, chove bastante, fui almoçar correndo e voltei, prometi que ia trabalhar durante o almoço, mas está chovendo na Paulista e não me dá vontade de correr.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

No fundo, no fundo, meus fantasmas se divertem.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

terça-feira, janeiro 08, 2008

Meu desejo é decepar aquelas mãos. De engraçado isso nada tem, mas o que vale é a satisfação / punição mesmo que tardia. Deceparia aquelas mãos com um golpe cada. O sangue, agora, como aliado trabalharia.

jorrar
v. int.,
sair em jorro, com ímpeto;
formar bojo ou jorramento;
besuntar com jorra;

v. tr.,
fazer sair com ímpeto.

Tal verbo, conseqüência primorosa do até então imaginário ato, me atrai tanto como uma memória perdida. Imagem recorrente / fissura sem proporções ou cor definidas. No entanto, o futuro uso das mãos ainda é uma dúvida. Decepar aquelas mãos é uma meta que ultrapassa qualquer raciocíonio.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

"Prá onde vão os trens, meu pai?
Para Mahal Tami, Cam rí, espaços no mapa, e depois o pai ria:
Também prá lugar algum meu filho, tu podes ir
e ainda que se mova o trem tu não te moves de ti. "

(Tu não te moves de ti - Hilda Hilst)

sábado, janeiro 05, 2008

Assim como quem não quer demonstrar interesse algum, pergunta o que ele anda fazendo da vida. De modo seco e tão banal quanto à pergunta responde que não seria nada do que ela não faria, justamente o que mais poderia temer. Não marcaram nada, troca de sentenças apenas, nada de muito inspirador ou que valesse como apaziguador de ânimos, pelo contrario. Prosseguiram por cerca de sete longos minutos, o que antes poderia ser um telefonema de um mero oi, agora parecia um confinamento em uma sala branca de alto teto. Não que agissem como estranhos, não mesmo, a impressão era oposta, um campo minado transparente e lúcido. Não havia como evitar, mesmo com sua maquina de vida por desenhos ortográficos tão próxima de si. Sem grandes progressos, somente surpresas nem tão agradáveis para um dos lados da linha, os sete dilatados minutos chegavam ao fim com uma desculpa qualquer da antes ansiosa e agora nada otimista pessoa. Também surpreso pelo que tinha acabado de acontecer, jamais poderia ter imaginado tal rumo em suas folhas amarelas, e agora sem sono, opta por passar a manhã observando o ser vivo mais próximo que consegue enxergar sem precisar se levantar, seu peixe Único.