Ele não mais se reconhecia. Suas atitudes não eram suas, suas palavras não eram suas. Não que fossem falsas, mas lhe eram estranhas. As sensações se atropelaram, os sentimentos se enrolaram. Um dia ele precisou esfriar a cabeça. E depois entrou em crise. Ele estava magoado, machucado. Tentou fingir que não era nada, não pôde. E em crise ele calou-se. Não tinha nada a dizer. Ele pensou a noite toda. Levantou cedo, colocou um de seus antigos cd’s. Se animou. Percebeu todo o drama que vinha fazendo. Por isso não se reconhecia. Decidiu que não queria saber mais de passado algum. Muito menos de futuro. No passado, ele não podia interferir, no futuro, ele não confiava. Ele estava se confundindo com sentimentos, com situações. Ele não era só isso. Nem o outro. Ele achava que estava ficando simples demais, descobriu que não, que ainda era mais complicado do que imaginava. Gostar? Gostava. Muito. Isso não mudara. Mas ele se cansou de sofrer e ficar imaginando ações, reações. Masoquista, era isso que ele era. Porém, isso não era bom. E então, decidira viver o presente, que era mais seguro e ele não queria nada além disso, gostar, ser gostado, não pensar, não se preocupar, não procurar razões ocultas em tudo. Ele melhorou, estava animado.
Eu não tenho preço
Bem mal te conheço
não estou à venda, menina
Não quero seu cash, ticket, endereço
poupe sua renda e propina
O seu remelexo, seu corpo, seu berço
A sua mansão com piscina
Dispenso o almoço, o incenso, o pescoço
Carrões, porcelana da China
O meu código de acesso, é imenso
É nexo, é dor, é flor
É côncavo, é complexo
É denso, é afago, é amplexo
É o ninho do verso de amor
Não suba que eu desço
Nem reze esse terço
melhor ver se eu tô lá na esquina
Não click esse flash,recolha seu lenço
Abaixe sua adrenalina
Não quero começo,seu cheque agradeço
Seu avião com tudo em cima
Seu flat, seu beijo,tesão do seu desejo,
Seu pé de laranja lima
É meu código de acesso, é intenso
reflexo é som é cor
É múltiplo, é convexo,é manso é sutil,
sonho é sexo
É uma linda canção de amor
Ele sorriu e ouviu outras canções. Ele se viu exagerado, cansativo, estúpido. Mais tarde o magoaram novamente e o dia escorreu pelo ralo. Ele voltou a pensar no passado, a sofrer, a pensar, a imaginar, seu masoquismo veio novamente à tona. Ele imaginou acompanhantes e suspiros. Olhou no espelho e não se reconheceu. No dia seguinte ele estava bravo, ele ainda queria entender tudo, os porquês, as lacunas, os lapsos de memória. Ele cansou de pedir desculpas, decidiu que a culpa não era apenas dele, que fora malvado, mas que todos são. Ainda queria viver apenas o presente, mas agora era importante entender o passado para que o rio passasse, para que tudo seguisse sem ressentimentos. Gostar? Gostava. Ele não queria abrir mão de tudo o que conquistara nos últimos tempo, não queria voltar a ser cético. Mas para isso, ele precisava de respostas.
Um comentário:
ahahhaha..
sobre o anterior..
agora c. efeitos sonoros...
aahahahah
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