A MORTE DOS POBRES
É a única esperança, e o mais alto prazer,
Que como um elixir nos transporta e embriaga,
E nos faz caminhar até o anoitecer.
E através da tormenta, e da neve e da vaga,
É o vibrante clarão de nosso obscuro ser,
Albergue inscrito em Livro e que nunca se apaga,
Feito para jantar e para adormecer.
É um anjo que segura em seus dedos magnéticos
O sono e mais o dom dos êxtases mais poéticos,
Que sempre o leito arruma aos pobres, como aos rotos;
Ela é a glória de Deus e a bolsa do mendigo,
É o místico celeiro e mais o lar antigo,
Pórtico que se abriu para os céus mais ignotos.
Baudelaire
Nenhum comentário:
Postar um comentário