quarta-feira, junho 27, 2007

O Corvo



(...)



"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,E
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".





"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".




E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,

Libertar-se-á... nunca mais!


(...)



Edgar Allan Poe
(Tradução e rima por Fernando Pessoa)





Imagens: "Vincent", 1982
dir.: Tim Burton.



3 comentários:

Anderson. disse...

Um post em parceria. Escolha do texto pela Shaula, imagens por mim...

Suzanna Ferreira disse...

pqp.o corvo de edgard allan poe..
bela sombria lembrança.

Shaula disse...

O mais bacana é o que está por trás dele e das imagens....