Ela não sabia o que fazer, muito menos o que pensar, somente olhava os trens que passavam por ela. Sentada na estação sentia como se tudo tivesse ruído e nada do que fizera foi levado em consideração. Tentava entender como isso teria acontecido, o por quê. Não conseguia. Ali, sozinha, imaginava situações. Tentou se arrepender, mas não conseguiu, falou apenas a verdade. Desprezo. Durante anos ela tentara exatamente isso, o desprezo, o descarte. Fora bem sucedida. Agora ela não queria mais ser assim. Ela buscou o reconhecimento e por um tempo conseguira, mas o passado quis ser cruel. Foi punida por coisas que já passaram. Disseram que nem tanto mudou assim, mas será? Como se manter com a tal resposta? Esperar. Ela esperava o trem. Ela esperaria também. Até o ponto final. Ela se sentia injustiçada, pois mesmo depois de tudo, nela nada havia mudado. Antes ou agora. Ou no futuro, quem sabe. Dependendo, tudo se mostrava ainda mais forte e ela se assustava. Não se reconhecia na violência. Queria realmente entender. O caminho, seguido automaticamente. A noite em claro. O trem. O tempo. O mundo. Dizem que ele dá voltas, será? Geralmente dizem isso para incentivar alguém, se for assim, ele dá voltas, para ele só a deixava enjoada e a fazia cair. Não queria mais se importar. Seguir sozinha sem ligar. Não conseguia. O trem parado. O túnel. Calor. A busca desesperada por ar. A sensação de prisão. Asfixiante. Descer. Respirar. Tentar ao menos. A resposta ingrata ecoando na mente não tão lucida. Não sabia mais se o mal estar era de dor, de medo, de surto. Qual a diferença? Seguir o caminho automático, lavar o rosto, as mãos, os pulsos. Quem és? Sorrir. Fazer. Mentir. Tudo um mero jogo de cena. Esperar. Esperar que o trem venha. Esperar que a dor passe. Esperar que tudo acabe. Que não tenha muita importância. Esperar que se supere. Que seja afável. Esperar que se tenha palavras. Esperar. De que vale?
terça-feira, outubro 23, 2007
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