Pt. I
(ou Pessoa Pessoa Pessoa)
O método é quase sempre o mesmo. Entra, passa um, dois, passa três, dezenas, até chegar ao fim do veiculo de transporte coletivo urbano. Procura o melhor espaço para não ser incomodado, seja de qualquer forma, e então fica por ali mesmo, em pé. Não reclama. Usualmente saca um livro da bolsa e prossegue na sua leitura. Segundos antes de ler a primeira sentença analisa as possibilidades possíveis de um dos assentos ser desocupado, leva em consideração feições e vestimentas, pré-conceito, entretanto os acertos ficam na casa dos noventa porcento.
Pt. II
(ou Pessoa)
Ontem foi a mesma coisa, entra, passa, saca, analisa. Não deu outra, em dois pontos um ser levanta desocupando o assento. No entanto, um puto de merda qualquer voa em direção ao assento antes mesmo que eu consiga me mover. Ok, tudo bem, deixa o puto de merda sentar. Ele pode ter um banco, mas eu tenho um cérebro. O cenário é São Paulo, capital, pós quatro da tarde, trânsito carregado e um belo sol (belo segundo os outros). O puto ficara em um banco privilegiado pelo sol latente enquanto nada anda. Um ponto a mais e o assento oposto se desocupa, o puto olha, quase que baba, dou um passo e me sento. Ele continua olhando, desolado, abro minha bolsa e tiro uma garrafa de água. Bebo sem vontade, mas a cara não corresponde. Pobre ser, puto de merda, com sol na testa, sem sorte nem água. Volto a ler.
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