Morrer deveria ser único e irreproduzível. Sem hora previamente marcada, dilatação de espaço ou tempo. Morrer, enquanto presença física, é inevitável. Não é preciso ser instruído para tomar conhecimento disso. Há incontáveis maneiras de como se pode morrer ou matar um ser vivo, mas isso não vem ao caso. A morte, e não é de hoje, é reproduzível, perdeu sua aura. Alguém que morre, seja por qual forma for, pode ter sua morte reproduzida à exaustão nos veículos de comunicação de massa, ou para quem possui intimidade, os chamados Mass Media. Assassinato ou não, acidental ou não, causa natural ou não, já não mais importa. Os Mass Media tornam-se mais que propagadores de uma chamada informação, tornam-se assassinos, matam a cada minuto a mesma vitima de maneira legal sem pré ou pós julgamento. Em rede local, cadeia nacional ou mundial, o assassinato daquele já morto é realizado por chamadas, simulações, especulações ou qualquer que seja o material tido como jornalístico por esses tais veículos. Apresentados de forma mambembe ou cuidadosamente estilizados, os assassinatos dos já mortos são tão brutais e sem escrúpulos quanto a primeira morte. Um espetáculo de aberrações largamente consumido e admirado. Um circulo de assassinos de longo alcance e seus cúmplices, antes espectadores/leitores. Criminosos que não infligem a lei, ou sequer possuem rostos, apenas logos.
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