quinta-feira, julho 26, 2007



Acabei de assistir novamente um filme que é importante para mim. Desde que o assisti pela primeira vez gostei. No fundo ele não tem nada de mais, não é nada revolucionário, nem possui uma grande fotografia. Ele é formado por diálogos, muitos, sobre tudo. E isso que me encantou, por ser formado por conversas sem sentidos, idéias, sugestões, piadas infames, ele tem uma veracidade complicada.
Fui entender ainda mais esse filme mais ou menos um ano atrás. Um simples acaso que junta duas vidas. Duas pessoas que absolutamente não se conhecem, não são do mesmo mundo, não conhecem as mesmas pessoas e que ainda assim são extremamente parecidas.
Uns podem dizer que acaso e destino não existem. Depende. Jogar a culpa de tudo no destino, no azar, é pura burrice. Se você não estudar, não passa num concurso. Se você não for um bom empregado, não mantêm o emprego. Na maioria das vezes o mundo é feito de ação e reação, causa e conseqüência. Mas ignorar o destino e o instinto pode ser algo leviano.
Brigar para ir em um lugar, seguir uma pessoa com o olhar numa rua neutra, encontrar essa pessoa depois de algumas horas no lugar para onde você estava se dirigindo desde o começo, vê-la ainda no lugar após quase todos já terem ido embora, puxar assunto sem querer, fazer um convite e a pessoa aceitar, descobrir semelhanças, a pessoa te contar que também te seguiu na rua neutra, que estava na outra calçada quando te viu, parou de ver o tal espetáculo a que assistia para ir atrás de você, contar que estava nesse lugar por não ter mais nada para fazer.
Nada é favorável para você encontrar essa pessoa. Vocês moram longe, não freqüentam os mesmos lugares , a probabilidade é mínima, mas acontece.
A ironia é tão grande que vocês brincam que um criou o outro que é tudo imaginação. Ou que a pessoa é seu amigo (!) imaginário, feito para testar suas máquinas de tortura físicas e psicológicas.
Pensando nessa história toda, não consigo deixar de imaginar se não era isso que tinha que acontecer. Que exatamente essa pessoa apareceu no momento certo e falou (ou deixou de falar) as coisas certas. Que se essa mesma pessoa aparecesse um pouco mais cedo, não receberia o mesmo valor e se surgisse um pouco mais tarde, talvez fosse tarde demais.
Lembrando das pessoas que passaram pela vida, às vezes se tem a impressão que elas apareceram na hora errada. Algumas, você preferiria que nunca tivessem surgido ou que viessem mais tarde. Outras você gostaria de guardar numa caixinha e deixar no fundo da gaveta, esperando o momento certo de tirá-la e ouvir as coisas que lhe disseram muito cedo.
No fundo, talvez o destino seja apenas uma artimanha dos nossos desejos, talvez tenhamos o poder de, imperceptivelmente, fazer com que aconteça o que queremos e, contando um pouco com a sorte, realizar nossos anseios.


(Fato: Também já foi feita uma troca, escolhe-se uma palavra, ganha-se um poema...)

Um comentário:

Anônimo disse...

só faltou você dizer que filme era...! =)

gostei daqui!

beijos =*