Maria Carolina, uma chamativa morena de olhos verdes, quer colaborar com a edição do Teletón de seu pais, o Chile. Maria pretende doar uma quantia arrecadada com vinte e sete horas do seu trabalho, algo em torno de cinco mil e quatrocentos dólares . "Vou poder colaborar com meu trabalho em uma tarefa que me emociona", disse ela. Maria, apenas pra constar, trabalha vendendo “amor” nas noites chilenas. O apresentador de Tv Don Francisco, responsável pelo Teletón no pais, diz que a idéia é fora de propósito e não vai aceita-la. "Como pode questionar alguém que quer trabalhar para uma causa nobre?", a moça rebate. No mínimo, justo.
quinta-feira, novembro 29, 2007
sábado, novembro 24, 2007
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...
Alphonsus de Guimaraens
segunda-feira, novembro 12, 2007
sábado, novembro 10, 2007
sexta-feira, novembro 09, 2007
quarta-feira, novembro 07, 2007
Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus - ou foi talvez o Diabo - deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.
Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.
Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.
Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram de mim,
o sumo se espremeu para fazer um vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.
E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.
Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.
Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
… visão extasiada.
Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, novembro 06, 2007
segunda-feira, novembro 05, 2007
sexta-feira, novembro 02, 2007
Às vezes, de noite, olhava-se no espelho para ter certeza de existia. Olhava-se nos olhos, tocava os cabelos, as mãos passavam nos rosto, entrava na boca. Sentia os músculos do pescoço, a nuca endurecida. A “saboneteira”, parte mais bonita em uma mulher para ela. A sua não era tão delineada, não gostava. Tocava os seios, que fingia não gostar. Os braços, a barriga. Brincava um pouco com o próprio umbigo, como se ele pudesse se transformar numa piscina muito funda. Escorregava a mão pelo ventre, lentamente. Sentia as pernas grossas, os joelhos. Sentava-se no chão e brincava com os dedos dos pés. Olhava bem para as próprias mãos, para certificar-se de que elas estavam onde deveriam estar. Depois de completamente vistoriada, ainda não se acreditava viva.