quarta-feira, novembro 29, 2006

"Eu não sei bem quando comecei a ser assim. Acho que a culpa é toda da minha mãe. Ela é louca. Era apaixonada pelo Chico (como você), olhava para a capa do Vol. 3 e dizia que queria casar com ele (como você). Eu também dizia isso, acho que por não saber o que era exatamente casar, ou não. Ela tinha um monte de amigos gays. Desses bem escandalosos, que chegavam em casa chamando minha mãe de mona e que faziam "trabalhos" para segurar homem. Tinha um que adorava vermelho e a Audrey Hepburn. Ele tinha uma carinha de maior abandonado e era o melhor amigo da minha mãe. Chamava Felipe e ensinou minha irmã a se maquiar enquanto eu olhava, não era tão escandaloso ou óbvio, mas para mim foi uma das pessoas mais gays que eu conheci. Ele levava umas fitas cassetes e ficava dançando na sala e eu gostava de ver. Não sei o que aconteceu com ele, um dia sumiu. Eu cresci nesse ambiente. Minha irmã também, com seus amigos gays. E eles eram tão divertidos, engraçados, dramáticos, ligavam de madrugada para reclamar que estavam se sentindo sozinhos. O Luke nós ganhamos de um dos amigos da minha irmã, o João, que fez questão de dar o gato já nomeado, dizia que era o nome do amigo imaginário dele. Então, para você que quer saber quem eu sou, eu sou resultado de toda essa loucura. Você, no fim, faz parte de isso tudo também, é a bicha que nasceu em corpo errado, infelizmente. Existem casos como esses. E existem também aqueles homens que eu queria que tivessem nascidos gays ou mulheres, para eu não ter esperanças. Nem falo nada, você até sabe a quem me refiro. E sabe também que eu te odeio, em partes, por causa disso. E te amo, em partes, por causa disso."

(Trecho de uma carta que eu recebi do Victor há bastante tempo. Carta, carta, com selo e carimbo. Estava com saudade de ler algo dele e como ele morreu na internet...)

terça-feira, novembro 28, 2006


Eu estava na sala de espera desde às 9:00 hs. Sra. Chuery sentada na cadeira tomando bário, algo branco, pesado e com cara de ruim. Ela ia e voltava da sala de raio x, empurrada e amarrada à uma árvore de natal.
Sem nada para fazer, a minha ocupação: observar aqueles que entravam na sala de espera. Uma mulher com a filha de uns dois anos, as conversas sobre a criança, as perguntas sobre como se chama, Carolina, a menininha, emburrada. Uma senhora espera a irmã que estava fazendo um exame, ambas em idade avançada. Uma mulher de uns cinqüenta anos, morena, dessas que você olha e tem certeza absoluta que foi linda quando nova, seu filho e o marido, este último, com mal de Parkinson em estágio avançado. Ele estava sobre efeito de medicamentos, por isso conseguia andar um pouco, mesmo com dificuldade. O filho o ajudava o tempo todo. A senhora que esperava a irmã começou uma conversa com a morena. Claro que seria sobre a doença do marido. Apesar de ser óbvio o assunto, o que mais me encantou é que a esposa não se referia com pena, culpa ou demonstrando ser o marido um peso. Falava dos planos para as férias na colônia, feliz por lá ter quarto para deficiente, escada rolante, todo o apoio dos funcionários do hotel. Do filho que a ajudava, mas que não queria ir para a praia, preferia as serras. Que as coisas são complicadas, porém tem que ser assim. Era belo ver os três. Ela contou que no estágio em que estava o marido já estava desenvolvendo Alzheimer. E ele protestou, num falar enrolado disse que se lembrava dela. Ela sorriu, passou a mão no braço dele carinhosamente e disse que sim, ele ainda se lembrava das coisas, mas eles sabiam que talvez não fosse por muito tempo.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Algumas noites, mesmo que só dormidas, são melhores do que a grande maioria restante.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Um bom alerta de que a velhice esta logo ali, na tua porta, ou ainda mesmo, mais próximo, é quando você começa a ouvir conversas alheias (não por mero voyeurismo, e sim por não poder evitar, juro), onde os tópicos são preocupações pelas quais você já passou (ou não, de certa forma).

Exemplo?

No meu caso, o vestibular, e aquelas mesmas coisas de sempre, de onde vou prestar, o que vou prestar, porque irei prestar, que merda ter de prestar....

Enfim, você lá, na mesa (várias na verdade) de um bar, sentado no canto pra variar, observando a cena como um longo, longo plano-sequência, eles nas questões já citadas e eu com a pressão, tormentos, demência e afins de um Tcc.

Tic Toc...

terça-feira, novembro 21, 2006


Algumas coisas acontecem pelas quais eu poderia passar otimamente sem.

domingo, novembro 19, 2006

Creio que pela segunda vez, assisti um quadro do programa do Marcio Garcia na T.v Record.O nome do programa eu não lembro, desculpem, mas o nome do quadro era/é "Vai dar Namoro".Nesse quadro, um determinado número de garotas permanece sentadas à espera de candidatos, candidatos a namorados (!), eles entram um por vez e fazem uma espécie de discurso descrevendo suas personalidades magnificas.Nesse lero-lero, dizem ser: carinhosos, simpáticos, extrovertidos, românticos, que possuem carro e que, moram em uma localidade bacana.

Na maioria das vezes, os candidatos são menosprezados, um artifício corriqueiro pra isso é a desculpa da distância, "Ai Marcio, ele mora muito longe!".Isso quando não dizem que o ser é velho demais, "Ai Marcio ele tem 27, a idade do meu irmão".O alto número de "nãos" dito por cada uma delas poderia facilmente ser aceito caso elas fossem interessantes, fisicamente ou não, mas não é o que se vê por lá.O cenário é composto por fofuras utilizando aqueles vestidinhos de botijão de gás ou mesmo de lidiquificadores, e claro, botas pé de cabra, ou caso prefira, botas para uma colonização extraterrena.

Vendo o quadro fiquei tentando imaginar o porque delas se acharem tão importantes e eles tão perfeitos, mas o que sei, é que ambos os lados se merecem, a modestia deve permanecer unida, humildade sabe.Depois de tanta demência pra um sábado, comecei a delirar e projetar o meu ser naquele recinto.Sim, T.v dá nisso, não que eu chegue ao ponto da personagem Sara interpretada pela Ellen Burstyin no filme Requiem para um sonho, nem mesmo tenho um vestido vermelho...

Chegaria eu no palco com uma camiseta fazendo refêrencia a alguma música do Grant Lee Buffalo ou então do Fellini, cara de sono, muro erguido, e logo trocaria algumas palavras com o experiente apresentador, talvez fizessee algum comentário em relação a sua passagem pela Emetev, ou coisa parecida.Em seguida desfilaria minhas qualidades:

- Olha....
Pode-se dizer que sou chato; arrogante; mala; petulante; pessimista; que quando vou ao cinema, vou pra ver o filme, e nem pense ser em um Cinemark, tão pouco em um Fds; que a possibilidade de chegar atrasado a um encontro qualquer é provavelmente de uns 75%; não sou de falar muito, mas falando posso acabar com toda sua auto estima; não gosto de balada, micareta, barzinho, forró, black, highyellow, comedia pastelão, provavelmente não irei gostar dos teus amigos.....ahhnnn, e moro longe pacas.

O Marcio diria:
- Sincero o rapaz!

Deixado algumas qualidades de fora, mas não alterando a essência, meio que travo e não consigo imaginar muito as reações depois disso, acho que somente me inscrevendo pra saber.

sábado, novembro 18, 2006

Quarenta e quatro vezes maldita a minha memória olfativa!!!

sexta-feira, novembro 17, 2006

.O.mundo.é.cruelesco.e.composto.por.seres.que.ouvem.BiOnC.além.disso.há.
pseudos.aqui.lácolá.e.por.cá.tbn.claro.q.não.se.deve.pensar.na.coleção.
coletiva.de.não.cri.cri.pq.afinal.restam.menos.esgotando-se.indo.contra.
o.q.é.improvavel.PqM.nem.mesmo.é.menosquenada.mas.ainda.assim.cai.e.
pensa.voar.voa.voa.lááááááááááá.sei.não.Parrrrrkinsn.para.todos.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Existem coisas que acontecem que fazem você ver coisas para as quais andava fechando os olhos.Ultimamente tenho me lembrado que eu sou sozinha. Alguns vão dizer que isso é mentira, que eu posso contar, vão me falar para confiar. Acho que essas palavras, às vezes, são sinceras. Eu acredito. Mas amizades vêm e vão, assim como amores. Hoje isso é real, mas quem sabe quais serão as mágoas de um dia, minhas ou dos outros?Solidão.Isso nem me assusta muito, estou acostumada com isso. O que me amedronta é a certeza disso, é ver que a praga que um dia eu joguei, voltará sem remorsos para mim, porque eu não sou diferente daquele a quem eu amaldiçoei, e que essa "maldição" não foi criada por mim, que é mais antiga e mais sábia do que eu imagino.Eu nem sei se saber disso é ruim ou não. Ao menos eu não tenho a ilusão de companheirismo, a queda será menos dura e quando acontecer eu posso jogar na minha própria cara "Viu, você sabia disso, no fundo sempre soube!". Talvez seja ruim por eu não ter a ilusão de companheirismo, não me acreditar tendo um bom futuro, tendo a mão de alguém para me levantar um dia. Ou quem sabe por eu achar isso eu não deixe as pessoas chegarem tão perto e, quando elas se aproximam, minhas dúvidas as afastem e com isso eu crie o meu trágico destino.Ou quem sabe ainda, o destino me prepare uma surpresa e tudo isso não passe de loucuras da minha cabeça sempre neurótica.

(*Por motivos tecnicos e um pouco de dom alheio, faço um re-post, de um post não meu, e sim da Shaula...)

terça-feira, novembro 07, 2006

Depois de tanto tempo ainda consigo ver em você o que vi no primeiro dia: um garoto com uma boa bunda (e boas coxas), uma boina que eu quero roubar (fica grande na minha cabeça, infelizmente), que me viu mancar e continuar andando, que ouviu as piores coisas de mim de uma amiga e continuou sentado, que bebeu vinho e comeu "chocolate" comigo, que tem um ego gigantesco e que tem lábios deliciosos de morder (não só os lábios, mas seria indecência falar qualquer coisa a mais aqui).

sexta-feira, novembro 03, 2006

Caso ouça alguém dizer, " O amor é o que tempera a vida ", ou qualquer frase semelhante, tenha uma certeza em mente: ela mesma ( a pessoa... ) não possui sal ou qualquer outro condimento que possa ser considerado metáfora para uma personalidade digamos, relevante.

quinta-feira, novembro 02, 2006